Assumi a área financeira e estou perdido: o sócio que sobrou para o financeiro

Publicado em 15 de setembro de 2020

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Na palestra, durante o B2B Finance Conference, Rodrigo Ventura, fundador da Escola do Financeiro, discutiu os principais cuidados que empresas devem tomar ao começar a organizar o financeiro, considerando os erros comuns e o contexto de grande parte dos negócios no país.

Muitas vezes empreendedores de ‘primeira viagem’ acabam se deparando com diversos desafios inéditos ao precisar gerir a sua empresa. Um deles é o gerenciamento do setor financeiro, uma tarefa de suma importância para qualquer negócio que busque sobreviver.

Com isso, devido a falta de opções, ou recursos, a missão de tomar conta dessas demandas acaba caindo para algum dos sócios, mesmo que esses não tenham experiência ou informação sobre o assunto. O resultado dessa decisão pode ser desastroso e atrapalhar diretamente a evolução da empresa.

Pensando nisso, Rodrigo Ventura trouxe em sua palestra para o B2B Finance Conferece um pouco de sua experiência no assunto, ponderando alguns erros comuns tomados por profissionais que embarcam na aventura de empreender sem de fato terem se preparado para controlar as finanças.

Rodrigo é fundador e diretor da Escola do Financeiro, empresa especializada em auxiliar negócios a tornarem seus setores financeiros mais estratégicos por meio de cursos, workshops e networking.

Foi também gestor de Venture Capital por 10 anos e responsável por avaliar mais de mil empresas como gestor de prospecção e análise da Bzplan. Trabalhou como engenheiro de processos na Embraco e WEG.

Assista a palestra na íntegra: 

Assumi o financeiro da empresa e estou perdido. E agora?

Rodrigo iniciou a apresentação realizando um panorama e uma contextualização da raíz do problema abordado. O palestrante reforçou que, em muitos casos, os empreendedores não possuem formação e especialização em administração de empresas e consequentemente não conseguem atender as demandas financeiras do negócio. 

“É muito comum isso acontecer. Mas acho importante analisarmos o fenômeno. Quando você analisa, quem empreende são as pessoas que estão próximas do problema: é o engenheiro elétrico, o agrônomo, designer, advogado, e etc. 

Normalmente não é o administrador. Infelizmente, aqui no Brasil, essas profissões não tem o suporte educacional para entender de finanças, especialmente empresarial.

Então, como não possuem os recursos financeiros para contratar um profissional especializado, esse é o momento que algum dos sócios tem que abraçar a causa e, como nenhum deles tem esse preparo, acaba virando uma ‘batata quente’.”

Os três grandes grupos de fatores para começar a organizar o financeiro

Em seguida, Ventura trouxe o que para ele são os principais fatores a serem considerados para empresas que estão começando a estruturar o setor.

“Eu divido em três grandes grupos de fatores que são essenciais para essa pessoa começar a organizar o financeiro:  

O primeiro conjunto de fatores tem a ver com a questão do perfil e atitude. Ou seja, vai ser muito difícil se a pessoa não quer fazer acontecer. Eu já vi muito disso. Muitas vezes acabam terceirizando para um estagiário, uma empresa externa e etc. E como falta vontade, vai faltar disciplina, dedicação e estudo. É uma área muito técnica.

Já o segundo grupo, são os elementos estruturais. Ou seja, o time, um bom computador, banco de dados. Um bom ferramental de tecnologia, afinal de contas, sabemos que a necessidade da automação hoje em dia. 

Por último, terceiro grupo eu chamo de ‘Conexão com a realidade’, ou seja, uma série de práticas que o gestor financeiro tem que tomar cuidado para gerenciar algo que esteja ligado a operação. Muitas vezes, chegamos em uma empresa e o financeiro não sabe o que a empresa vende. É estranho mas acontece. 

Em tese, todo mundo tem de saber vender. A conexão com a realidade tem vários pontos: um plano de contas que corresponda ao modelo de negócios, uma gestão de rotina e as exceções.”

Conheça também o nosso artigo com as principais ferramentas para te ajudar a realizar a gestão financeira da sua empresa.

Equilíbrio gasto x receita

“Aí está mais uma importância de reconhecer o seu modelo de negócios. Cada modelo terá uma dinâmica de receita, custo, despesa e investimento diferente. Então, é impossível você ter uma empresa sem falar essa língua. 

De grosso modo, temos que separar dois tipos de ‘desembolso’: os fixos e os variáveis. 

O variável é aquele que é diretamente proporcional a sua receita. Ou seja, para cada real que você fatura, você precisa gastar, por exemplo, 30 centavos com esses variáveis diretos. 

Depois, o que sobra tem que ser suficiente para pagar os seus fixos, como sua equipe. Então, quando isso acontece normalmente você chega no chamado ‘ponto de equilíbrio’, ou seja, o que entra é igual o que sai. Conforme a empresa cresce, você começa a ter uma margem líquida. ”

É possível crescer o negócio rápido demais? 

“Sim e eu penso que existem alguns motivos que fazem com que isso aconteça: 

O primeiro, o mais clássico de todos, é a famosa necessidade do capital de giro. Ou seja, quando você dá mais prazo de pagamento para seus clientes do que os seus fornecedores te dão de prazo. Você vende muito mas o seu dinheiro não está com você. Na contabilidade, vemos o ‘contas a receber’ no ativo crescendo muito rápido, e o ‘contas a pagar’, no passivo, não crescendo junto. 

Outra forma, é quando a operação acaba te consumindo no dia-a-dia. Se você tem um foco muito grande em vender e acaba esquecendo desse quesito, a sua operação fica mais cara. Por exemplo, se você tiver um software e não trouxer uma infraestrutura robusta, você acaba perdendo muito em atendimentos, tickets.

Aí caímos no terceiro problema, que é quando você não olha pro turning quando estamos falando de negócio recorrente. Você vende muito em um primeiro momento, na primeira compra, mas ele logo sai e não volta pra comprar. 

Ou seja, toda a venda é um grande esforço. Então você tem que, não só montar um time de vendas exemplar para poder crescer, mas também garantir que a operação não te consuma tempo e dinheiro em uma velocidade maior do que seu esforço de venda.”

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Essa palestra fez parte do conteúdo do B2B Finance Conference, o principal evento online sobre transformação digital para gestores financeiros do Brasil. O evento contou com mais de 30 experts do mercado que discutiram as novas tendências da área em 4 dias de palestras com muito conhecimento e experiência de quem entende do assunto.


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