Visual Law: Inovando a comunicação no Jurídico

Publicado em 5 de agosto de 2020

Capa victor cabral

Durante o Legal Conference 2020, um dos responsáveis por inovação na TozziniFreire, Victor Fonseca, discutiu o conceito e a relevância do Visual Law, juntamente com a inovação jurídica e sua aplicação nos escritórios de advocacia.

Quem é o palestrante

Victor Cabral Fonseca é um dos especialistas em inovação da TozziniFreire Advogados e coordenador do ThinkFuture, programa desenvolvido dentro do escritório. 

Mestre em Direito e Desenvolvimento pela FGV-SP, também é professor de Direito e Startups no Insper (SP). Possui certificação em Inovação Exponencial pela Singularity University (EUA).

A TozziniFreire é uma organização com 43 anos de existência, com 1000 integrantes trabalhando em oito unidades próprias, distribuídas em diversas cidades do Brasil e, também, nos Estados Unidos. 

TozziniFreire: como inovar em estruturas tradicionais?

Para responder a isso, Victor Fonseca diz que a inovação no Direito não é necessariamente tecnológica, mas sim, cultural. Para ele, inovar é mais que agregar ferramentas de tecnologia ao processo. 

O Visual Law seria um bom exemplo disso. “Essa é uma ferramenta de comunicação, que traz uma inovação informacional. Ela usa a tecnologia como meio, mas não é tecnológica por essência”, explica. 

O palestrante diz ainda que a inovação e a tecnologia, embora sejam próximas, operam de forma paralela. E isso vale para empresas de qualquer porte. 

“A inovação jurídica não está restrita aos players mais modernos do Direito, aos escritórios menores, às legal techs ou às Alternative Legal Service Providers. A TozziniFreire é um exemplo disso. É escritório tradicional, full service e de grande de porte, que consegue operacionalizar e consolidar um roteiro de inovação”. conta. 

Nessa palestra, ele explica como se deve iniciar um projeto de inovação. Fala sobre os problemas a serem mapeados e soluções que podem ser implementadas.  

Assista a palestra completa de Victor Fonseca: 

Tudo começa a partir do contato com startups 

“Para iniciar a inovação na TozziniFreire, entramos em contato com startups de vários segmentos. Nossa ideia era construir uma nova proposta de valor para essas empresas. 

Enquanto escritório de advocacia, o objetivo era não ser somente um parceiro jurídico, mas sim, um parceiro de negócios, contribuindo para uma maior segurança jurídica do ecossistema”.

Criar um novo mindset: nova forma de desenvolver negócios no ambiente tradicional 

“Chegamos até às startups, pois elas operam em uma dinâmica diferente, embora cumpram as mesmas obrigações legais que qualquer empresa. Elas ainda não têm uma proteção jurídica diferenciada, embora já se discuta o marco legal das startups. 

Ao entrar em contato com essas empresas é possível entender uma forma mais dinâmica de desenvolver um negócio e aplicar um mindset diferente, mais voltado para a inovação, tecnologia, pivotagem e novos produtos. Tudo com foco no cliente. 

A partir dessas experiências, passamos a rever muitas coisas por esse novo mindset e implementamos mudanças que envolveram a criação de espaços internos mais informais para garantir uma participação mais colaborativa, criamos salas de design thinking e fomentamos eventos para a discussão de temas ligados à tecnologia. 

Com isso, conseguimos mapear alguns desafios da inovação no Direito, que são encontrados comumente em qualquer departamento jurídico, escritório de advocacia e, também no poder judiciário. São eles:

Desafios para a inovação no Direito:

  1. Utilização de ferramentas;
  2. Percepção pelo cliente; 
  3. Treinamento de sistemas;
  4. Custo / benefício;
  5. Quantidade de soluções – (qual o problema precisa resolver?);
  6. Aspectos culturais;
  7. Conflito inter geracional. 

Dentro desse cenário de inovação, é preciso considerar também que o advogado do futuro será diferente. Para prosperar no século XXI, ele precisará ir além da formação técnica e desenvolver novas:

  • Habilidades;
  • Conhecimentos;
  • Formações;
  • Culturas.

Para exemplificar isso, gosto de uma frase dos professores Hirsch e Miller sobre o estudo jurídico no século XXI que diz: “pensar como advogado não é mais suficiente; um advogado deve também pensar como um portador de informação em uma era de informação”.

Os escritórios de advocacia do futuro também serão diferentes. 

Escritórios de advocacia do futuro

  • Serviços mais completos e multidisciplinares;
  • Alta velocidade em operações;
  • Informações real-time;
  • Auditorias cada vez mais rápidas e precisas;
  • Decisões baseadas em dados (data-driven);
  • Analytics e previsão de contingências; 
  • Colaborativo e flexível. 

Um bom exemplo dessas aplicações é o cenário da pandemia, que apenas reforçou a necessidade de criação de um ambiente de colaboração, flexibilidade e uso de dados para tomar decisões. 

Quem ainda não adotou plataformas colaborativas, ferramentas de reuniões virtuais e de compartilhamento de informações entre profissionais, não está prosperando neste momento.

O que é Think Future e como funciona dentro do TozziniFreire? 

“O Think Future é um programa de inovação da TozziniFreire, desenvolvido em 2018, que pensa a aplicação de novas iniciativas como o Visual Law, inteligência artificial, sistemas de automação, entre outros elementos.

Trata-se de um projeto transversal, que busca levar inovação para o escritório como um todo. Para isso, agrega uma equipe multidisciplinar, formada por advogados e profissionais de tecnologia de informação, comunicação, pessoas de desenvolvimento humano, desenvolvimento de negócios, RH e relações institucionais. 

Gosto de destacar que quando falamos em inovação, não necessariamente estamos falando em tecnologia. Inovação e tecnologia são dois temas que trabalham muito próximos um do outro, mas não são sinônimos. Projetos de inovação e tecnologia, às vezes, se confundem, mas nem sempre isso acontece. O visual law é um grande exemplo.”

O que é Visual Law? 

Ele vem para resolver um problema na comunicação com clientes e autoridades. Devido ao grande volume de processos que circulam hoje, a comunicação precisava ser mais objetiva, simples e de fácil compreensão. 

O Visual Law é, portanto, o uso de técnicas e elementos visuais em documentos jurídicos para favorecer a compreensão do interlocutor. As peças devem lançar mão de recursos como ícones e outros elementos que ajudem a destacar as informações mais relevantes. 

Dois temas são fundamentais para entender o Visual Law: 

  • Legal Design: que deve projetar, estruturar e redigir serviços jurídicos com foco no interlocutor;
  • Design Gráfico: que são técnicas e elementos visuais que favorecem a compreensão do usuário.

A junção desses dois fatores dá origem ao Visual Law. 

Como pensar na aplicação do Visual Law?

  1. É preciso contratar um designer?
  2. Qual a função do design? (não basta ser bonito, é preciso ser funcional);
  3. Qual o tamanho da demanda interna? 
  4. Informalidade x objetividade (levantar os principais objetivos a serem atingidos)
  5. É preciso ser designer? 
  6. Quais ferramentas serão utilizadas?

Como implantar o Visual Law no escritório?

“Para dar conta da demanda, um caminho é disseminar os conceitos do Visual Law entre os profissionais de direito. O objetivo é ensinar o advogado a fazer esse tipo de trabalho sem precisar de muita sofisticação gráfica ou tecnológica ou contar com uma equipe de designers. 

Na TozziniFreire desenvolvemos workshops com esse objetivo. Em pouco tempo de treinamento, já foi possível ver o desenvolvimento e aplicação dessas técnicas”.

Quer ver mais conteúdo sobre gestão jurídica?

Essa palestra fez parte do conteúdo do B2B Legal Conference 2020, o maior evento online jurídico da América Latina, que contou com mais de 15 palestras com experts da área e discutiu as transformações do setor e como os profissionais podem acompanhar as mudanças.

Publicado por Vanessa Araujo

Vanessa Araujo é jornalista formada há mais tempo do que gostaria de admitir. No decorrer de sua jornada, trabalhou em diversas frentes da comunicação de empresas e agências de todos os portes e segmentos. Para ela, o mundo tech é a base que melhora as relações humanas e "simplicidade" é a palavra que se traduz em todos os conteúdos que desenvolve. E, apesar de saber que o mundo tecnológico de hoje é repleto de escolhas, prefere não assistir Netflix.


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