O Business Model Canvas (BMC), ou simplesmente Canvas, é uma ferramenta visual de gerenciamento estratégico adotada por empreendedores que buscam inovar o modelo do plano de negócio de modo a facilitar o planejamento e tornar os processos decisórios menos burocráticos. Caso você seja um deles, é essencial que entenda o que é e como usar o modelo.
Essa metodologia cria uma espécie de mapa que considera todos os aspectos essenciais para a elaboração de um plano de negócio eficiente. Ou seja, a condição financeira atual, infraestrutura, a oferta e os consumidores são avaliados conjuntamente em forma de um quadro com desenhos que representam situações e ideias.
O modelo de negócio foi desenvolvido na Suíça, no início dos anos 2000. Alexandre Osterwalder criou a ferramenta para sua tese de doutorado com o intuito de possibilitar a cocriação de modelos de negócios de modo estruturado, com organização e segurança. Desde então, a ferramenta tem sido testada e aplicada no mundo inteiro e promove o sucesso de muitas organizações.
Nesse artigo vamos entender mais sobre o Canvas e as suas funcionalidades, continue lendo.
O que é o BMC Canvas?
Canvas, ou tela, como é traduzido para o português, pode ser considerado como um mapa visual para organizar e esquematizar dentro dos espaços disponíveis informações que são relevantes para o negócio.
Existem diferentes tipos e modelos de canvas, sendo a sua principal vantagem a facilidade em adaptar o canvas para o modelo do negócio, setores da empresa para facilitar a visualização de diferentes fatores, como pontos fracos ou negativos.
É importante lembrar que o Canvas não é um substituto do planejamento de negócios, e sim uma ferramenta de auxílio para planejar essa etapa da construção do negócio. Sua aplicabilidade é tamanha que até mesmo o governo do Canadá e empresas famosas como Deloitte e Ericsson já recorreram ao modelo.
Vamos ver como isso funciona na prática?
Blocos do Canvas
O quadro de modelos de negócios do Canvas é subdividido em 9 blocos, para facilitar a compreensão do projeto proposto. É justamente essa característica que torna o material produzido pela ferramenta sintetizado e curto.
Pensando nisso, separamos uma breve explicação de cada um deles para que você entenda como usar o modelo no seu negócio de forma prática.
1. Segmento de Clientes
Esse é um dos mais importantes blocos do quadro de negócios do Canvas. Nele, o empreendedor deve responder a seguinte pergunta: “Quem são os clientes para esse produto ou serviço”?
Obter uma resposta para essa questão é essencial, pois é através dela que a sua empresa vai conseguir definir o público-alvo, e assim construir ações mais assertivas, seja em marketing, produtos ou serviços ideias para o seu público. Dessa forma, os esforços da empresa estarão mais focados e centralizados com um objetivo claro e certeiro.
2. Propostas de Valor
Também definido como Preposições de Valores, esse bloco encara os valores não como monetários, mas como percepção interna do negócio. Por isso, para preencher esse espaço deve-se pensar “Quais os problemas dos clientes o negócio busca resolver?”
Ou seja, a maneira como o modelo de negócio irá propor a resolução desses problemas reflete os seus valores. Para isso, é preciso fazer uma descrição pontual de todos os benefícios que a empresa oferece ao cliente.
Também é importante ressaltar que hoje os clientes estão em busca de resolverem as suas dores, em conjunto com uma boa experiência de atendimento, sendo esse um fator determinante para compras futuras. Por isso, é importante responder “Quais os valores estão alinhados para gerar uma boa experiência de atendimento?”.
3. Canais
Com o avanço da tecnologia foram se criando diversos canais de comunicação e experiências de distribuição, venda e compra utilizadas pelo negócio. Portanto, nesse bloco busca responder a pergunta “Como o negócio irá alcançar os consumidores?”.
Os canais de comunicação são importantes pois, através deles a empresa consegue atingir o seu público-alvo, potenciais clientes e novos leads. O bloco de canais está interligado com o segmento de clientes, pois é a partir da definição de quais públicos a empresa deseja atingir é possível definir quais os canais serão utilizados.
Exemplo, um público jovem pode preferir atendimento pelas redes sociais como whatsapp, facebook. Um público mais maduro, pode gostar de telefone, e-mail, e a partir dessa definição a sua empresa consegue estruturar melhor os canais de comunicação e investir de forma correta nas necessidades e desejos dos clientes.
4. Relacionamento com clientes
Sem dúvidas, esse é um elemento fundamental na estratégia de qualquer negócio. Para saber a posição da empresa diante desse quesito é preciso refletir como ela interage com o seu público.
O relacionamento com os clientes diz respeito à maneira que o negócio busca tratar os consumidores. Afinal, pode-se adotar modelos humanizados ou automatizados, empenhados ou desapegados.
Com a chegada das redes sociais o relacionamento com o cliente pode ser ainda mais aproximado,tendo vista, a possibilidade de publicações que entregam valor para o seu público, como o uso de blogs ou post construtivos.
Portanto, o relacionamento com o cliente deve ir muito além da venda, para se tornar um posicionamento correto da marca, fazendo com que a sua empresa seja lembrada.
5. Receitas
Nesse bloco, o termo receitas diz respeito ao capital do negócio. Para melhor ocupá-lo, é preciso responder à questão: “Como esse produto ou serviço irá gerar dinheiro?”.
Ainda que seja uma ONG, ou qualquer outro projeto sem fins lucrativos, haverá receitas. Isso porque, toda estrutura exige custos, seja ela física ou virtual. O foco deste tópico está na forma de conquista ou arrecadação do dinheiro.
6. Recursos-chave
Diferente dos blocos expostos acima, o bloco de recursos chaves está mais voltado para a parte operacional. Os recursos referidos neste quadro são físicos, humanos, intelectuais ou financeiros necessários para a operação planejada.
“Quais são os principais recursos exigidos no negócio?”. Essa é a pergunta principal a ser respondida nessa etapa. Assim, as matérias primas da produção devem ser listadas, pois sem elas a execução da operação é inviável.
7. Atividades-chave
Ao contrário dos recursos chaves, o bloco de atividades chaves está direcionado a responder quais são as ações realizadas pelo negócio. Por exemplo, dentro de um salão de beleza que oferece todos os serviços do segmento, a manicure realiza uma atividade específica.
Sob esse viés, a proposta desse bloco é descrever todas as atividades realizadas pela empresa para manter o seu modelo de negócio. Esse quadro também está direcionado a analisar a parte operacional, essa análise fica mais fácil e palpável devido o seu aspecto visual.
8. Custos
Analisar os custos é crucial para garantir que o modelo de negócio continue em funcionamento. Dessa forma, o bloco dedicado aos custos visa responder quais são os custos de maior relevância dentro da estrutura elaborada pela empresa.
No entanto, não é interessante que os custos pouco expressivos sejam descritos nesse espaço. No modelo de negócios do Canvas, de modo geral, somente os pontos mais importantes são elencados para propor melhor ideia visual.
9. Parceiros Chaves
Esse bloco constrói uma imagem da relação da empresa com os parceiros e fornecedores. Inclusive, em termos estratégicos, é imprescindível possuir mais de um fornecedor.
O objetivo aqui é descrever quem são esses indivíduos. Por isso, deve-se responder quais parceiros e fornecedores são essenciais para o negócio funcionar. É válido fazer referência a parceiros futuros, como suporte e potenciais fornecedores.
Como usar o Canvas?
O quadro de modelo de negócios do Canvas abarca as quatro principais áreas de um negócio: infraestrutura, oferta, viabilidade financeira e clientes, cujas são desenvolvidas nos 9 blocos citados anteriormente.
Além disso, existe uma divisão entre os elementos emocionais e racionais do negócio. Do lado direito do quadro, estão os aspectos mais afetivos e subjetivos, como o relacionamento com os clientes.
Já do lado esquerdo, o foco é a parte racional do negócio. Isto é, a parte mais prática ou de operacionalização. Justamente por isso, o ideal é que as informações sejam respondidas conjuntamente e sigam ordem lógica.
Para usar o Canvas, o melhor a se fazer é reunir um grupo de pessoas, para que as informações sejam mais completas, e utilizar uma folha de papel A3 com o desenho da estrutura da ferramenta.
Passo a passo para fazer um modelo de negócios no Canvas
Para fazer um modelo de negócios do Canvas em empresas que ainda estão sendo projetadas o ideal é que o gestor disponha da ferramenta impressa ou digital e de sócios ou pessoas com experiência para contribuir com os pilares do modelo.
Por outro lado, caso a empresa já possua muitos anos de história, existem mais opções. A primeira delas é montar o Canvas junto com os colaboradores. Isso pode ser realizado em uma reunião, com a ferramenta alocada em uma cartolina e a disposição de post-its para que todos tenham a oportunidade de propor descrições.
Os post-it são recursos vantajosos pois construir um modelo de negócios é um exercício que geralmente exige muitas alterações. Afinal, a tendência é que, quando reunidos em grupo, ideias novas e mais pertinentes surjam o tempo inteiro.
Outra solução é que o gestor leve um plano de negócios antigo ou esboçado até um profissional para buscar enxergar o modelo pelos olhos dos consumidores. Nessa fase, quanto mais pensamentos e criatividades distintas forem reunidas, mais sucinto e eficiente será o planejamento estratégico desenvolvido.
Por fim, saiba que para construir um bom modelo de negócio você terá como companheiro o lápis e a borracha, pois reescrever e reavaliar o que foi proposto faz parte da construção de um bom canvas.
Quem pode usar o Canvas?
Esse é um motivo de muita dúvida para muitos empreendedores e indivíduos que estudam a área empresarial. Contudo, a resposta é simples: o Canvas pode ser usado por qualquer pessoa ou organização que almeje ser específico nos objetivos de determinado projeto.
O Canvas é comum tanto em startups que estão iniciando no mercado, quanto em negócios já consolidados. Afinal, gerir projetos e fazer planejamentos estratégicos para garantir o sucesso da empresa é recorrente em diversos estágios.
Benefícios do Canvas
Assim como já foi explicitado no decorrer do artigo, o Canvas possui inúmeros benefícios, pois guia o empreendedor para uma visão mais clara do projeto de negócios e, consequentemente, entrega mais valor aos clientes.
Diante disso, listamos os principais benefícios do Canvas para você:
- Estimula a criatividade da equipe;
- Simplifica a comunicação interna e externa;
- Agiliza a detecção de erros;
- Apresenta flexibilidade e fácil compreensão;
- Possui visualização estratégica que eleva a competitividade;
- Propõe organização e objetividade para a empresa.
Todos esses benefícios do Canvas deve-se ao fato de ele poder ser feito em equipe, assim todos os colaboradores conseguem se sentir pertencentes ao projeto. Além disso, quando trabalhamos com projetos visuais acaba facilitando o entendimento de qual negócio estamos criando, aonde queremos chegar e qual o estado atual.
Outro grande diferencial é a possibilidade de acrescentar algum elemento que seja interessante para a visualização do negócio e os diferentes modelos de canvas existentes. Vejamos a seguir alguns modelos interessantes.
4 Exemplos de Canvas
1. Software as a Service
Também reconhecido como SaaS, esse exemplo de Canvas é o mais próximo do que tratamos até aqui. Este tipo de ferramenta é subdividido em nove blocos e orientado ao sucesso de um projeto e o seu diferencial é a possibilidade de interação da equipe.
Nesse caso, o gerenciamento dos itens é feito de modo centralizado. Esse Canvas é realizado de modo online, de forma que o sistema é disponibilizado na nuvem e gerentes e colaboradores com autorização podem acessar e compartilhar informações a todo tempo.
2. Business Model Canvas
Esse exemplo de Canvas é perfeito para quem deseja iniciar uma tarefa complexa do zero. Nele, o principal objetivo é elaborar um modelo de negócio para favorecer as tomadas de decisão.
A proposta é delimitar os elementos essenciais para o funcionamento e manutenção de fatores importantes da empresa e organizar as ideias de maneira clara, com mecanismos que aumentem o controle sobre o recurso.
Em uma agência, por exemplo, esse tipo de Canvas pode realizar até mesmo novos investimentos, como a criação e abertura de uma nova unidade para atender a um segmento específico com mais atenção.
3. Startup Canvas
Nos dias atuais, as startups são visadas pelo alto grau de escalabilidade. Esse exemplo de Canvas é adotado por empresários que desejam estabelecer uma cultura de maior flexibilidade ao modelo de gestão, principalmente no que se refere à montagem de uma empresa.
Diferente de outros exemplos, que podem ser utilizados em organizações que já estão atuantes no mercado há algum tempo, este modelo é ideal para projetos que ainda irão se firmar. Por isso, a ferramenta contém mais espaço para o detalhamento de como atrair consumidores e atrair o objetivo traçado.
4. Business Model You
Embora muitas pessoas não tenham conhecimento, o Canvas pode ser utilizado pela empresa para estimular o crescimento profissional dos colaboradores. Para isso, o Business Model You é um modelo de negócios focado no sujeito que pode ser usado para a evolução da equipe.
Conclusão
Independentemente da área em que o profissional se encontra, a construção de um planejamento estratégico favorece à compreensão dos próprios objetivos de maneira mais intuitiva. Dessa forma, fica nítido o que deve ser feito para alcançá-los e os colaboradores se mantêm motivados por mais tempo.
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4 anos atrás por Luan Fazio | 10 minutos No comments
