Com um sistema bancário considerado como caro e inflexível, o Brasil é um dos principais mercados de atuação das fintechs. Essas startups do setor financeiro estão se tornando cada vez mais populares e caindo no gosto do público em geral.
Uma das fórmulas de sucesso das fintechs é oferecer aos clientes a tecnologia agregada a produtos e serviços já tradicionais como a concessão de crédito, cartão de crédito, entre outros. Mas, tudo isso, sem que seja preciso ir até em uma agência bancária!
Se você estava vivendo na lua nos últimos anos e ainda não sabe o que é uma fintech, fique com a gente!
Vem conhecer e entender o que essas startups financeiras podem lhe oferecer de mais inovador na comparação aos serviços tradicionais dos bancos.
O que é fintech
Fintech é um termo que surgiu da junção das palavras em inglês “financial” (financeiro) e “technology” (tecnologia).
Ele é usado para identificar empresas, majoritariamente, startups que trabalham para otimizar serviços do sistema financeiro, com a proposta de oferecer soluções mais à acessíveis à grande parte da população.
De modo geral, o mercado ocupado pelas fintechs tem sido encarado como inovador e considerado como revolucionário quando o assunto é lidar com finanças. Uma forma de entender esse sucesso é o uso da tecnologia à favor da simplificação de processos.
A cada ano que passa, as fintechs estão crescendo exponencialmente, ou seja, de forma cada vez mais acelerada. Com elas, está mudando também o jeito de lidar com instituições e processos financeiros convencionais.
Quais as diferenças entre fintech e startup?
Uma startup é uma empresa em estágio inicial do seu modelo de negócio, que busca ganhar mercado a partir de operações internas estruturadas para agir de maneira rápida e eficiente.
Uma fintech é uma startup, com foco no oferecimento de produtos e serviços para o setor financeiro.
Na prática, tanto as startups como as fintechs têm o mesmo objetivo: impactar fortemente os seus clientes. Para isso, elas têm um DNA voltado para o crescimento acelerado.
Isso explica porque as fintechs conseguiram conquistar uma reputação tão boa no mercado, além de um número tão grande de clientes em tão pouco tempo.
Qual a diferença entre fintech e banco?
Você pode estar se perguntando qual é o segredo do sucesso das fintechs, já que os bancos tradicionais já ofereciam soluções para o mercado financeiro.
A resposta está na transformação digital, que semeou um campo fértil para a disrupção trazida pelas fintechs.
Baseada nessa premissa, o que vimos nesses últimos anos, em especial nesta última década, foi uma abertura de perspectivas em soluções inovadoras ao setor financeiro, o que trouxe benefício para um público mais amplo.
A tecnologia permite o desenvolvimento de produtos e serviços hiper-personalizados, transformando as análises preditivas, a inteligência artificial e o machine learning em princípios fundamentais para a melhora da experiência do usuário.
Principais elementos que diferenciam as fintechs dos bancos tradicionais:
- Crescimento acelerado;
- Velocidade em responder ao mercado;
- Aprendizado constante;
- Foco no encantamento do cliente;
- Uso da tecnologia para servir bem;
- Usar o conceito de Lean Startup (desenvolvimento ágil);
Cenário das fintechs no Brasil é bastante promissor
Embora o Brasil possua uma das maiores concentrações bancárias do mundo, o país ainda é considerado como o país dos desbancarizados.
Segundo o Instituto Locomotiva, o Brasil possuía em 2019 45 milhões de pessoas sem conta em banco. Isso quer dizer que todo esse contingente ainda permanecia fora do radar dos cinco maiores bancos do Brasil, que detém 85% dos ativos totais do segmento comercial.
Para se ter uma ideia, todas essas pessoas são capazes de movimentar na economia mais de R$ 800 bilhões por ano.
Outro fato interessante é que em 2020, em virtude das complicações trazidas pela pandemia causa pelo novo coronavírus (Covid-19), uma série de questões que antes pareciam ser normais na sociedade foram trazidas à tona.
Uma delas foi o fato de que mais de R$ 46 milhões de brasileiros estavam invisíveis ao governo, pois não possuíam nem mesmo documento de CPF, quanto mais conta em banco para receberem o auxílio financeiro.
Dessa forma, portanto, o contexto da pandemia despertou os olhares para a urgência da inclusão bancária. E de olho nesse mar de oportunidades, as fintechs já estão nadando de braçada há alguns anos.
Uma prova disso são os cerca de US$ 2,4 bilhões injetados por investidores neste segmento desde 2015. Com aumento de 183% apenas entre 2018 e 2019, conforme diz o Distrito Fintech Report 2020.
O motivo desse boom é simples de ser explicado: mais do que modernizar o setor financeiro, as fintechs oferecem serviços acessíveis a uma grande parcela da população.
O que são fintechs de crédito
Fintechs de crédito são aquelas empresas que são focadas em fornecer crédito ao mercado seja de pessoa física ou pessoa jurídica.
Um dos diferenciais é que essas fintechs são capazes de oferecer crédito de modo rápido, dispensando as burocracias comuns das instituições financeiras.
Outro ponto favorável para a sua atuação é que, em geral, elas trabalham com taxas menores se tornando mais competitivas no mercado.
Como toda fintech as que operam no mercado de crédito são empresas que utilizam serviços digitais, com o objetivo de proporcionar ao cliente uma experiência melhor do que aquela oferecida tradicionalmente no mercado financeiro.
Como atuam as fintechs?
A atuação das fintechs possuem alguns pilares importantes:
- Digitalização: As fintechs usam a tecnologia no dia a dia para não perder competitividade e dinheiro;
- Disrupção: A proposta é fazer coisas de uma forma diferente, melhor, mais rápida e mais lucrativa para o cliente;
- Desmonetização: isso não significa não cobrar, mas sim, tornar as coisas mais acessíveis. Isso acontece com as fintechs, pois com o uso da tecnologia os serviços, em geral, tendem a ficar mais baratos;
- Democratização: a partir do momento a tecnologia é usada para automatizar os serviços, é possível democratizar este acesso a preços mais baratos.
Quais são as principais fintechs?
Vamos conhecer agora um pouco mais sobre as mais conhecidas fintechs:
NuBank
Em setembro de 2014 foi lançado no Brasil o Nubank, que pretendia ser um novo caminho para um já conhecido modelo de negócios: o cartão de crédito.
A ideia era trazer uma nova perspectiva para esse mercado. Afinal, quem nunca teve uma experiência ruim com o seu cartão de crédito?
Uma das queixas mais comuns eram as altas tarifas e anuidades abusivas. Outra reclamação recorrente eram os serviços de atendimento ao consumidor impessoais e mal avaliados pelos próprios clientes.
A Nubank já nasceu com o objetivo de romper com esse modelo tradicional, colocando as reais necessidades do cliente no centro de sua atuação.
Embora seja na prática um cartão de crédito (assim como tantos outros no mercado), tem como diferencial não cobrar anuidade, além de ter toda a sua movimentação alocada no ambiente digital.
Seu lucro é obtido em cima de taxas que incidem sobre pagamentos feitos em atrasos – quando o cliente decide financiar o valor total ou parcial de sua fatura.
Em 2018, atingiu o status de “startup unicórnio” ao atingir avaliação de preço de mercado no valor de 1 bilhão de dólares, se tornando a terceira empresa brasileira a alcançar esta marca.
Creditas
A Creditas é uma startup brasileira que funciona como uma plataforma digital de crédito. A empresa atua como correspondente bancário com foco em facilitar o processo de contratação de empréstimos.
Como uma parceira de bancos e investidores, a Creditas trabalha com quatro produtos principais: empréstimo com garantia de imóvel, empréstimo com garantia de veículo, empréstimo consignado privado e financiamento de veículo.
Fundada como BankFacil em 2012, a fintech começou como um marketplace que comparava preços de produtos financeiros e direcionava clientes para instituições financeiras tradicionais.
Em 2016, iniciou a concessão dos primeiros créditos com garantia de imóvel e de veículo. Em 2020, expandiu seus serviços para o México e hoje já é considerada uma das maiores fintechs de serviços financeiros e a principal de créditos no Brasil.
Contabilizei
A Contabilizei nasceu como uma startup de contabilidade online e agora se prepara para se tornar uma fintech a partir de 2021. Para isso, ela planeja prestar novos serviços financeiros como cartão de crédito e concessão de empréstimos e capital de giro.
Desde sua fundação, em 2013, a Contabilizei já recebeu mais de R$ 100 milhões de fundos como Kaszek Ventures, Igah Ventures (ex-e.bricks eventures), Banco Mundial (IFC), Quona Capital, Endeavor Catalyst e Point72 Ventures.
Guiabolso
O GuiaBolso é um aplicativo para ajudar no controle financeiro pessoal. A plataforma também funciona como um marketplace que ajuda o usuário na análise de seus dados para o encontro de produtos financeiros mais adequados para o seu momento de vida.
Quando a empresa explodiu, em 2014, as fintechs enfrentavam a descrença dentro de um mercado dominado pelos grandes bancos. Na época, acreditava-se que poucos serviços ou produtos novos poderiam ser oferecidos.
Mas, mesmo diante da incerteza que permeou os primeiros anos da empresa, o GuiaBolso conseguiu atrair a atenção dos investidores e captar duas rodadas de investimento de sucesso com fundos de Venture Capital.
Tecnologia e mercado financeiro: o quão isso é seguro?
Algumas pessoas podem dizer que “com dinheiro não se brinca” ou que “a melhor forma de de cuidar do dinheiro é o deixando seguro”. É por isso que a segurança no mercado financeiro é um assunto bastante importante.
Quem ainda suspeita da competência das fintechs nesse quesito, pode ficar tranquilo. Isso porque a atividade das fintechs são é regulada, assim como os bancos tradicionais.
O Banco Central é uma das instituições que regula o mercado e monitora as atividades do setor financeiro no Brasil.
Em 2018, por meio da resolução 4.656/18 e por determinação do Conselho Monetário Nacional (CMN), o Banco Central do Brasil instituiu dois modelos de operações para as fintechs: Sociedade de Crédito Direto (SCD) e Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP).
Aspectos positivos da regulamentação das fintechs
A regulamentação das fintechs foi uma forma de padronizar a atuação das empresas nesse modelo de negócio.
Isso significa que essas startups também precisam adotar as mesmas medidas de segurança, governança corporativa, compliance e proteção aos dados dos clientes assim como os bancos tradicionais.
Além de mais credibilidade, a regulamentação favorece o estímulo da concorrência; a segurança jurídica e cibernética.
Fintech: setor cresceu 28% em 2020
O volume total de fintechs em atuação no Brasil apresentou um crescimento de quase 28% em 2020, de acordo com a 9ª edição do Radar Fintechlab, instrumento que acompanha o ecossistema no país.
O número total de empresas passou de 604 em junho de 2019, para 771 em agosto do ano seguinte. Segundo o levantamento, 35% das empresas não constavam na versão anterior do relatório, o que pode ser indício de que se trata de startups com menos de um ano de existência.
Na prática, essa dinâmica indica que o ecossistema de serviços financeiros está em franca expansão, com muitas oportunidades ainda para a melhora na prestação de serviços.
Conclusão
As fintechs ficaram conhecidas por oferecer soluções financeiras mais acessíveis por serem menos burocráticas, mais fáceis de serem usadas e mais baratas.
Tudo isso é possível graças à transformação digital que tem rompido as estruturas físicas e lançado mão de plataformas digitais cada vez mais intuitivas e confiáveis.
As fintechs, embora atuem em um mercado já velho conhecido, chegam no mercado trazendo produtos de uma forma inovadora, com usabilidade simples.
Um startup do setor financeiro é confiável, pois ela funciona com uma máquina de aprendizado. Neste ambiente, elas buscam por um modelo escalável e repetível, por isso, elas precisam aprender muito sobre mercado, processos, sobre o que fazer e o que não fazer.
É por isso que as fintechs se tornaram tão populares no Brasil e no mundo.
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5 anos atrás por Luan Fazio | 10 minutos No comments