20 de novembro é o Dia da Consciência Negra, uma data destinada a reflexão, celebração e valorização das conquistas dos povos negros. Entretanto, ainda existem grandes necessidades dessa população, inclusive no setor de tecnologia.
Pensando nisso, desenvolvemos este artigo para refletirmos sobre o Dia da Consciência Negra, e analisar como está a partição de pessoas de negros na tecnologia e quais são os incentivos para os profissionais que desejam trabalhar na área.
Continue lendo o artigo para saber mais!
O que é o Dia da Consciência Negra?
Dia 20 de novembro é uma data em que se comemora o Dia Nacional de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra, sendo constituída por Lei nº 12.519 no dia 10 de novembro de 2011. A data se refere à morte de Zumbi, que foi um grande líder do povo Quilombola de Palmares, no Nordeste do Brasil.
Zumbi foi morto em 1695, essa data foi descoberta pelos historiados da década de 70, esse achado histórico fez com que os membros do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial elegessem a figura de Zumbi como um símbolo de luta e resistência dos negros escravizados no Brasil, juntamente com a luta pelos direitos dos povos afro-brasileiros.
Por isso, a data do dia 20 de novembro é destinada a celebrar as conquistas e relembrar a luta dos negros contra a opressão e a escravidão que foram vivenciados no Brasil. Através da redemocratização do Brasil a participação do movimento negro na politica passou a ser maior, essa conquista possibilitou a aprovação de leis que visam atender as necessidades dessa população.
Em 05 de janeiro de 1989, foi aprovada a Lei nº 7.716 que se refere ao preconceito de raça ou cor, e em 2012, houve a aprovação da Lei de cotas raciais Lei nº 12.711, que é destinada à educação do ensino superior. Em 09 de janeiro de 2003, se tornou Lei nº 10.639 a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas.
O Dia da Consciência Negra é uma data representativa que proporciona grande reflexão sobre o racismo e a desigualdade social proveniente da cor da pele de uma pessoa. Sendo essa uma data que relembra a luta da comunidade negra e a valorização da cultura afro-brasileira.
Mesmo diante de algumas evoluções, o racismo estrutural ainda é algo presente na sociedade brasileira, o que proporciona pouca representatividade no mercado de trabalho e em especial o setor de tecnologia. Por isso, vamos conhecer a situação do Brasil e quais são os incentivos para pessoas negros na tecnologia.
Como está o mercado de trabalho para negros na tecnologia?
O Brasil conta com alguns pontos de grande presença tecnológica que são chamados de Vale do Silício, esses são polos industriais de empresas voltadas para a tecnologia, computação e inovação. O nome Vale do Silício representa a principal matéria prima utilizada na produção de diversos produtos tecnológicos, o Silício.
Um estudo realizado pela empresa Vice, em 2015, houve um avanço na questão da diversidade dentro do setor tecnológico do Vale do Silício, porém, ainda sim, é um avanço lento. No momento da pesquisa, apenas 2% dos funcionários de empresas como Google e Facebook eram negros e os outros funcionários brancos eram representados por 55% e 60%.
A ocupação dos cargos de profissionais da tecnologia são preenchidos por 70% de homens e mais de 80% dos cargos técnicos nas principais empresas de tecnologia.
No Brasil existem poucos estudos que são direcionados para a análise de pessoas negras dentro do mercado de tecnologia. O principal estudo disponível é do PretaLab– instituto que realiza o mapeamento e incentiva a participação das mulheres na tecnologia.
Na época do estudo a população brasileira era formada por 54% de pessoas pretas e pardas, e somente 36,9% dos profissionais se declararam pertencentes a esse grupo durante a pesquisa. Outros entrevistados relataram que 32,7% não tinham nenhuma pessoa negra em sua equipe.
O estudo revelou que o perfil de trabalhadores da área da tecnologia é majoritariamente jovem, com 77% dos entrevistados, pertencentes à faixa etária de 18 e 34 anos, com grande concentração na capital São Paulo.
Ao analisar os dados percebe-se que mesmo com a maior parte da população brasileira se declarando negra, o número desse grupo no mercado de tecnologia ainda é baixo. A transformação tecnológica está acontecendo cada vez mais rápido dentro das empresas, revolucionando as formas de fazer negócios e redesenhando processos empresariais.
O Brasil possui cerca de 195 mil empresas de tecnologia espalhadas por todo o território nacional de acordo com os dados da Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate), são mais de 900 empresas somente no Vale do Silício, juntas essas empresas faturam mais de R$ 5,4 bilhões no ano.
Conheça algumas invenções desenvolvidas por mulheres negras
Existem diversas invenções que revolucionaram a ciência e redesenharam a forma de fazer atividades do nosso dia a dia. Conheças as invenções que foram desenvolvidas por mulheres negras que pensaram à frente do seu tempo.
Filmes 3D
A física Valerie Thomas, trabalhou na Nasa, como analista de dados, ela desenvolveu sistemas de dados para computador que são capazes de acompanhar e controlar operações de satélites em 1964, e supervisionou a criação do programa Landsat em 1970.
A partir do programa Landsat ela conseguiu desenvolver um sistema de processamento de imagem e inventou o transmissor de ilusão, dispositivo esse que simula a aparência tridimensional de um objeto, que trouxe grandes resultados para a Nasa.
Sistema de segurança doméstico
A estadunidense Marie Van Brittan Brown, era enfermeira e não se sentia segura ao voltar para casa após o trabalho, devido a esse problema ela e o seu marido criaram o primeiro sistema de segurança doméstico. Esse sistema foi desenvolvido por Marie Brown e o seu marido eletricista Albert Brown, em 1966, a patente da ideia aconteceu em 1969
O dispositivo funcionava com quatro olhos mágicos, onde um olho continha uma câmera que permitia a visualização de quem estivesse batendo na porta através de um monitor. Além disso, o sistema contava com um botão destinado a emergências que acionava diretamente às autoridades em caso de algum acidente ou emergência.
Calefação central
A calefação central foi uma grande inovação desenvolvida por Alice H. Parker, em 1919. Esse foi um sistema desenvolvido devido a necessidade do aquecimento de casas em países onde o inverno é muito rigoroso, sendo esse um grande avanço para a sociedade que antes precisavam estocar madeira ou queimar carvão para o aquecimento interno da casa.
Parker, percebeu que o aquecimento pela lareira não era prático, por isso, começou a pensar no primeiro forno a gás, esse era um sistema de aquecimento que utilizavam dutos de ar controlados individualmente para distribuir o aquecimento.
Em seu legado a inventora Parker, teve uma homenagem realizada pela Sociedade Nacional de Físicos Negros, em 2019, sendo considerada uma grande inventora afro-americana, que diversos físicos consideraram a ideia revolucionária para a década de 1920.
Voz sobre IP
Marian Croak foi vice-presidente de engenharia do Google, ela foi também vice-presidente sênior de pesquisa e desenvolvimento, possui mais de 200 patentes. O seu sucesso é tanto que ela foi incluída no Hall da Fama Internacional das Mulheres em Tecnologia, em 2013.
Ela foi a primeira mulher a desenvolver a tecnologia de Voice Over Internet Protocol (VOIP), através da sua invenção é possível que os usuários realizem chamadas pela internet em vez de utilizarem uma linha telefônica. Hoje, essa é a tecnologia a grande responsável em permitir a realização do trabalho remoto.
Animação em GIF
A inventora Lisa Gelobte é cientista da computação, tecnologia e diretora executiva, ela também foi a diretora de serviços digitais do Departamento de Educação dos Estados Unidos. Com o surgimento da internet novas possibilidades e formas de comunicação foram criadas, hoje uma ferramenta muito utilizada para se comunicar de forma resumida é Graphics Interchange Format ou mais conhecidos como GIF.
O formato gráfico foi desenvolvido por Lisa, que é fundadora e CEO da empresa tEquitable, uma empresa que fornece uma plataforma para trabalhar questões de preconceito, assédio e descriminação no local de trabalho. Ela conseguiu mais de $2 milhões de investimento para a empresa.
Conheça alguns incentivos para pessoas negras na tecnologia
Apoio do Google a formação de pessoas negras
Em junho de 2022, a empresa Google for Startups Brasil anunciou um programa de ajuda voltado para pessoas negras que se formaram ou estão estudando desenvolvimento de software, essa iniciativa visa ajudar estudantes e incentivar a formação de mais de 200 desenvolvedores negros de baixa renda.
O programa surgiu a partir da necessidade e da carência vigente no mercado de tecnologia para pessoas negras, dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), mostraram que 40% dos universitários na área de tecnologia são homens brancos, além disso, para os cursos da tecnologia observe-se a predominância de homens em relação a mulheres.
Os participantes do projeto poderão contar com o desenvolvimento de habilidades técnicas de programação, apoio psicológico e preparação que são voltadas para processo seletivos, os beneficiários também terão treinamento em tecnologia e produtos do Google. Para maiores informações acesse o site da escola Trybe.
PretaLab
PretaLab é uma plataforma destinada a gerar conexão de mulheres negras que gostam de tecnologia ou desejam fazer parte desta área. Além disso, o programa PretaLab fornece ciclos de treinamentos, consultorias e estudos voltados para a tecnologia, além de possuir uma ampla rede de profissionais que conecta os participantes ao mercado de trabalho.
Meta premia criadores de filtros para pessoas negras
Para incentivar desenvolvedores negros e negras a empresa Meta, dona do Instagram e Facebook, realizou uma premiação de 10 pessoas negras para estimular a diversidade na criação de realidade aumentada.
A criação de filtro por pessoas negras colabora para que outros usuário negros tenham a sua experiencia melhorada ao utilizar filtros que valorizam a pele negra. Pois em sua grande maioria os filtros são desenvolvidos por pessoas brancas, fator esse resulta em filtros que não se encaixam de forma adequada para os tons de pele negras ou não valorizam a beleza afro-brasileira.
Plataformas lançam curso para pessoas negras na tecnologia
O Movimento pela Equidade Racial (MOVER), nasceu a partir da necessidade de empresas lançarem um compromisso público em busca de fecharem uma parceria para encontrarem de forma conjunta ações que combatam o racismo estrutural.
Para isso, as empresas lançaram curso de formação na área de tecnologia exclusivo para pessoas negras. Empresas grandes como a edtech Descomplica, disponibilizaram mais de 3 mil vagas, com bolsas de estudos com foco em desenvolvimento para a Web, arquitetura e fundamentos de redes de computadores.
O Movimento de Equidade Racial é composto por mais de 47 empresas, como Cervejaria Ambev, Americanas S.A, Mc-Donald ‘s, BRF, Coca-Cola Brasil, Colgate-Palmolive e entre outras. Para mais informações acesse o site do Descomplica.
Conclusão
Percebemos que as ações ainda precisam ser intensificadas para que haja uma mudança significativa na participação ativa de negros na tecnologia. Sabendo que o mercado tecnológico está crescendo cada vez mais no Brasil e no mundo, surge a necessidade de profissionais qualificados e as ações sociais voltados para pessoas negras contribuírem para suprir essa necessidade.
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5 anos atrás por Luan Fazio | 10 minutos No comments